Retornando

Depois de tudo organizado, desencaixotado, passo os olhos em todo o ambiente, passo os olhos dentro de mim.

Dentro da caixa emocional lembranças empoeiradas, restos de mágoa, cacos de fúria e lascas de indiferença.

Removi a sujeira, limpei os resíduos e os verdadeiros entalhes da caixa apareceram.

Sentimentos há tempos esquecidos, alegria expontânea, gentileza, doçura, carinho, abraços, amor, boa vontade, esperança (acho que vi algumas jujubas também), tudo limpo, cheirinho de novo, cheiro de sonhos renovados.

A caixa outrora fechada, se abriu cheia de luz e cores.

Deixou de ser a caixa de "Pandora"

Renata Fagundes


NOTA:

"Prometeu, preso e acorrentado no alto de uma montanha pelo resto dos seus dias, deu a seu irmão Epimeteu uma caixa contendo todos os males que poderiam atormentar o homem.

Pandora, esposa de Epimeteu, seduziu-o e após tê-la amado, caiu em um sono profundo. Aproveitando a oportunidade, Pandora foi até a caixa e a abriu, permitindo que males como mentira, doenças, inveja, velhice, guerra e morte, saissem de lá em turbilhão, ela entrou em pânico e fechou o estojo antes que o último deles conseguisse escapar: o que acaba com a esperança."

Outra versão:

" A intenção de Zeus quando mandou Pandora para a terra, era de agradar os homens.

Seu presente de casamento à moça, foi uma caixa onde cada um dos deuses havia colocado um bem. Infelizmente porém, Pandora abriu a caixa sem querer e todos os bens escaparam e desapareceram, com excessão da esperança, jóia preciosa que fortifica o homem e lhe dá condições de enfrentar todos os males com que a vida o maltrata."

Fernando Kitzinger