quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Constante inconstância








"...ele sempre dizia - meu maior medo é perder a lucidez. Ela, que nada tinha de lúcida ouvia sua teoria de folhetim, palavras requentadas, experiencias que outros viveram para que ele se poupasse do trabalho. 

Descalça, entrou no sótão da alma com cuidado para não acordar lembranças adormecidas. Era incrível como a tal lucidez nunca a havia visitado. Apesar do pó do tempo, era possível sentir a intensidade dos momentos, ainda se identificava a vivacidade das cores, o som dos sorrisos em fotos amareladas, o perfume de lugares e pessoas. Se viu ali, em pedaços, papel repicado colorindo o chão da memória, cantiga de roda, vinil colorido, histórias inacabadas. Não era exemplo a ser seguido. Era caminho, estrada, poeira de chão que o vento leva pra dançar em territórios distantes, era sorriso de gente estranha, lágrima quente que faz morada na boca, braços dançarinos e abraço de pernas. Concluiu que, mais que palavras bem colocadas, era feita de pedaços de loucura que ainda eram degustados..."




"A alegria é um vento que nos levanta do piso e nos deixa em outra parte,  em um lugar em desaviso."
(Emile Dickson)



Renata Fagundes

Trecho do texto: Desatino







20 comentários:

  1. Nada contra o outro blog, mas era isso que todos estavam esperando.

    Palavras suas.

    Vê se não some, e usa esse lindo dom, que Deus lhe deu!

    Beijos e sucesso.

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  2. Que bom te ver ,fazia um tempão! Lindo sempre ,escreves muito bem! beijos,tudo de bom,chica

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  3. Olá.

    Ah, a lucidez... ah, as constantes que nunca são constantes... tem horas, em que tenho vontade de mandar às favas tudo isto.
    Parabéns pelo belo texto e um bom dia de Domingo para ti.

    ;D

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  4. Já tive muito cuidado para não acordar lembranças adormecidas. Mas na maioria das vezes eu mesma me bagunço, brinco com as lembranças, me divirto em mim mesma. Essa é minha lucidez...


    Você escreve tão lindo, Rê...
    beijo doce

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  5. O passado sempre vai existir, no entanto a memória pode ser seletiva por se fazer presente em um presente que não mais está presente e nos obriga a olhar pra frente.

    Bjo!

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  6. Ah que lindo,tem horas que a lucidez só nos atrapalha.E vamos seguindo a vida,retalhos de ontem e hoje que no futuro nos farão sorrir.
    Abraço Rê,=)

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  7. Oi Renata!!! Estava na net e achei teu blog, adorei!! Muito legais os teus textos, eu como devoradora de livros e amante da escrita, estava procurando um lugar neste vasto mundo digital para ler coisas bonitas e interessantes! Parabéns! Uma dúvida: tu abre espaço para as pessoas publicarem em teu blog? Digo, publicarem textos e poesias de sua própria autoria?
    Beijossss Samira Fabis

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  8. Acho que vou chamar esse texto de maturidade, Rê. Lindo, sempre! Saudades de vir aqui.
    Bjs
    Yohana Sanfer

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  9. Que lindo o post!
    insanidade as vezes é preciso.
    :)

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  10. Adorei!
    Me lembrei de Martha Medeiros,sou lúcida na na minha loucura.Seus escritos são inefáveis!
    Tenho um Blog e posto os meus escritos e escritos que gosto,ficaria muito feliz se você desse uma olhada.
    Beijos

    http://coragensabsurdass.blogspot.com.br/

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  11. TE TAGEI LÁ NO MEU BLOG, BJS :* http://haannacecilia.blogspot.com.br/2013/04/recebi-uma-tag-da-marylane-d.html

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  12. Olá.

    Belíssimo texto, Renata.

    Meus parabéns... sempre bom te ler.

    Bom dia.

    ;D

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  13. Vem conhecer o meu cantinho:



    http://aportuguesinha2013.blogspot.pt/



    https://www.facebook.com/#!/aportuguesinha2013


    Irina Cardoso

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